As más notícias continuam com novo Relatório do IPCC

Um novo relatório lançado, no final de fevereiro, pelo Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança Climática, IPCC, mostra que “o colapso do ecossistema, a extinção de espécies, ondas de calor fatais e enchentes estão entre os perigos inevitáveis” que o mundo enfrentará nos próximos 20 anos devido ao aquecimento global.

Os Cientistas do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança Climática afirmam que o aquecimento global está a causar danos irreversíveis à natureza. O secretário-geral António Guterres declara que o estudo é um “atlas do sofrimento humano” e prevê catástrofe com aumento das emissões de poluentes.

O presidente do IPCC, Hoesung Lee, declarou que o relatório faz um alerta sobre “as consequências da falta de ação”, mostrando como a mudança climática já está a afetar biliões de vidas pelo mundo. Este é o segundo de uma série de três documentos do tipo produzidos pelos cientistas da ONU especializados em clima.

 Derrota para a mudança climática

O relatório é lançado cerca de 100 dias depois da COP26, quando os líderes mundiais reuniram-se em Glasgow, na Escócia, e concordaram em aumentar as ações para limitar o aquecimento global a 1.5° Celsius e assim, evitar os piores impactos da mudança climática.

O secretário-geral da ONU declarou que o novo relatório do IPCC traz evidências “nunca vistas”, revelando como as pessoas e o planeta estão a ser derrotados pela mudança climática”.

Segundo António Guterres quase metade da humanidade está a viver na zona de perigo e “muitos ecossistemas já estão agora num ponto sem retorno”.

 Apelo ao fim dos combustíveis fósseis

O chefe da ONU explicou que a poluição por dióxido de carbono está a lançar as pessoas mais vulneráveis do mundo para a destruição. Ele lembrou que é essencial limitar as emissões de gases em 45% até 2030 e atingir emissões zero até 2050. Explicou, ainda, que com os acordos atuais, as emissões globais poderão subir quase 14% na próxima década, o que será uma “catástrofe, destruindo qualquer hipótese de manter viva a meta de 1.5° C”.

O relatório mostra como “carvão e outros combustíveis fósseis estão engolindo a humanidade”. Ele pediu aos países do G-20 para deixarem de financiar o carvão e dirigiu um apelo direto às empresas gigantes de gás e de petróleo: “Vocês não podem afirmar serem ‘verdes’ quando os planos e projetos minam o acordo para emissões net zero até 2050 e enquanto ignoram que grandes cortes de emissões precisam ocorrer nesta década”.

Mais investimentos em adaptação

António Guterres lembrou que este é o momento de acelerar a “transição para energias renováveis”, afirmando que os combustíveis fósseis “são o fim da linha para o planeta, a humanidade e para as economias”.

O relatório traz ainda novidades sobre investimentos no setor da adaptação climática. Guterres quer que 50% de todo o financiamento para o clima seja usado na adaptação, mencionando obstáculos para que países insulares e nações menos desenvolvidas consigam o dinheiro necessário para salvar vidas e meios de subsistência.

O chefe da ONU acredita que atrasos “significam mortes” e mencionou que as pessoas em todo o mundo, incluindo ele próprio, estão “ansiosas e irritadas” e por isso o momento é de ação.

O estudo do IPCC mostra que o aumento das ondas de calor, das secas e das enchentes “já está a ultrapssar a capacidade de tolerância das plantas e dos animais”, causando mortalidade em massa em várias espécies de árvores e de corais.

 Pessoas na África, na Ásia e na América do Sul já foram expostas à falta de água e à insegurança alimentar. Para evitar mais perdas de vida e de biodiversidade, é essencial acelerar ações de adaptação à mudança climática e cortar, rapidamente, as emissões de gases de efeito estufa.

 Ecossistemas resilientes

Segundo os cientistas, ecossistemas saudáveis são mais resilientes à mudança climática e conseguem fornecer água potável e alimentos. Por isso, restaurar a degradação e conservar de 30% a 50% das terras do planeta, habitats oceanicos e água doce ajudam a capacidade da natureza em absorver e armazenar carbono.

O relatório mostra que governos, setor privado e sociedade civil precisam cooperar para combater todos esses desafios, incluindo uso insustentável de recursos naturais, desigualdades sociais e aumento da urbanização, já que a mudança climática interage com essas tendências globais.

Ao mesmo tempo, o IPCC nota que as cidades fornecem oportunidades para a ação climática, com “edifícios verdes, fontes seguras de água potável, energias renováveis e transportes sustentáveis”, o que poderá criar sociedades mais justas e inclusivas.

O vice-presidente do Grupo de Trabalho II do Ipcc, que produziu o relatório, Hans-Otto Portner, afirmou que “a evidência científica é inequívoca: a mudança climática ameaça o bem-estar humano e a saúde do planeta”. Segundo ele, “qualquer atraso para garantir ação global resultará na perda de uma janela que já se está a fechar rapidamente para garantir um futuro habitável”.

 

Fontes: www.un.org ; www.ipcc.ch 

 

segunda-feira, 14 março 2022 20:42